quinta-feira, 10 de março de 2016

O Que é a Filosofia?



Ora... o que é a filosofia?
Pergunta assaz difícil de responder.
Não por sua importância acadêmica, nem por sua aprofundada relação com termos de difícil compreensão, nem por sua exigência pelo conhecimento de seus criadores, tampouco pela sua dramática complexidade de argumentos e, talvez, não pela sua andrógena desfloração pelo intangível mundo real.
Não.
A resposta sobre o que é a filosofia é difícil pois, cada um sendo individual, cada um terá sua visão particularizada de o que ela lhe representa; também porque cada experiência sensorial fará com que cada um de nós trafegue pela via que bem desejarmos no campo na especulação pura, de o que é sua arte e seu significado individual. 
Contudo a grande especulação se fará filosofia quando seus efeitos verem-se soltos e presentes em nosso cotidiano.
Sim, porque a filosofia só existe, de fato e nos fatos, quando dela fazemos uso, colocando em desuso, a desinformação em que somos postos por nossa canibal e mortal sociedade.





De quê me adiantaria, aprazível leitor, soltar-me a Aristóteles, florear-me a Demócritos e golpear-me Platões se, com efeito, falar-me ia apenas de suas teorias enquanto filósofos sofredores, tristonhos e indignados com a vida, se sua ciência, esta que lhe apresento, é posta de lado, inexplicada, pela ânsia de pôr a mesa seus lideres?
"Péra lá!" Já diria minha tia.
Desenfrar-me a cuspir filósofos é entupir os olhos, quiçá ouvidos, com delongas infinitas de suas idéias avassaladoras e, ainda neste ponto, entediantes antes de que possa eu dizer o que é  esta maldita ciência.
Ah sim..... havemos de lembrar que o Brasil, cristianizada nação, pô-la, a filosofia, nos paus que seguram o poleiro das galinhas.
E as galinhas... bem.... estas fizeram seu trabalho com perfeição... cagaram (perdoem-me a grosseria ortográfica mas, é a expressão mais pura que posso usar) ... sim cagaram na pobre coitada. Suja de estrume galináceo a velhaca enterrou-se na bosta (perdão novamente) a sofrer-se com o preconceito cotidiano do povo brasilis.
Expulsa da escola, encoberta nas discussões, afastada do bom senso (ó ironia cruel) dona filosofia virou, no Brasil, moradora de rua, ou melhor de livros velhos nas prateleiras menos visitadas das bibliotecas.
Resgatemo-a já, libertemo-a e dotemo-na de seus poderes novamente.
Matemos esta desconfiança deste povo que treme de medo e raiva, ao ouvir "filosofia!"
Não há o que temer, não há o que sofrer pois, veja bem caro leitor, a filosofia é apenas, e tão apenas, uma velha louca.





Esta audaz velhinha é a porta de entrada de um mundo indignado, triste, raivoso e incontido.
Sim, pois se a filosofia não lhe traz indignação com o que o mundo é, suas indiferenças e maldades, se não desperta a tristeza de saber que o trabalho que necessita ser feito é árduo e intenso, se não enraivece com a intolerância e a burrice da sociedade e, a incapacidade de conter o sentimento de aplicá-la afim de mostrar novas alternativas a velhas idéias, novos pontos de vista a velhos pensamentos e a possibilidade de transformar o velho em novo, para quê serviria a filosofia?
Não verás mais seu mundo da mesma forma, depois de a velhaca morder-lhe a orelha dizendo-lhe:
"Vês a flor do teu jardim?
Vês seu incompetente?
Não é só a flor.
Mas claro que não seu néscio.
Ela é o mundo que a constituiu, ela é a água que lhe deste, o sol o qual lhe banhaste, a terra a qual lhe alimentaste, a abelha a qual lhe polinizaste e todas as outras coisas que seus olhos tortos não podem ver.
De hoje em diante saiba: seu mundo não é só o que vês, é muito mais que isso."
Entende agora, apressado leitor, não adianta nem a ti e nem a mim, que eu lhe vomite mil e um filósofos pomposos e desafiantes.
Primeiro preciso lhe dizer que a filosofia é a condição de que podes, tu mesmo, desafiar a todos eles, tão simplesmente saibas que a filosofia é tudo aquilo que não vês, que não lhe ocorreu ainda mas que, ironicamente, está ataviado a vida de todos nós, apenas esperando ser descoberta , vivida e sentida.
Deixe a velhinha louca, avó de todos nós mostrar-lhe um mundo louco e empolgante, triste e de indignação mas, acima de tudo, maravilhosamente NOVO!
E os filósofos?
Eles que lhe esperem.....

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